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Motorista não precisa atingir bicicleta para ser responsabilizado na Justiça por acidente


A instrutora de hipismo Carolina Buhler, 38 anos, estava a 200m de terminar um pedal de 60km na região da Prainha, no Recreio, numa manhã de domingo, no final de janeiro. Era apenas a segunda vez que a triatleta amadora pedalava em sua speed depois de trocar todo o grupo da bicicleta. Um motorista desavisado acabou provocando um acidente que a fez cair sobre uma mureta de pedra. Felizmente, Carolina não sofreu nada de mais grave, além de hematomas, arranhões, escoriações e um tremendo susto. Mas a bike ficou bem estragada.

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O motorista se fez de desentendido e não quis pagar pela conta do acidente. Não quis, mas pagou. Porque a Justiça mandou. Inconformada com o descaso inicial do sujeito, Carolina entrou com ação para diminuir seu prejuízo. Em abril, saiu a sentença: parte do conserto foi bancada por ele.

Carolina conta:

“Decidi entrar na Justiça porque o cara disse que arcaria com os custos da bicicleta, mas, no dia em que fui registrar na delegacia, liguei para ele antes, e ele se fez de desentendido. Disse que não tinha acontecido nada, que não se lembrava de nada. No próprio dia em que pedi os contatos dele, senti uma maldade de quem ia sair fora. Eu queria que ele pagasse por todas as despesas da bike que ele tinha quebrado: minha gancheira; meu grupo novo, já que eu tinha trocado todo o grupo da bike dias antes; a minha fita de guidão; meu pedal; e o quadro, todo arranhado. No dia da audiência ele não queria fazer acordo, mas depois de ver que teria um processo civil e outro criminal, optou pelo acordo. Mas preferi cobrar dele só a gancheira e a fita mesmo”.

Do episódio, que lhe rendeu contusões e aborrecimento, ficou uma lição positiva. “Todo mundo tem que correr atrás de seu prejuízo. Todo mundo que se sinta lesado tem que correr atrás. É chato? É, mas, se você não corre atrás de seus direitos, o mundo fica pior do que está, e ele está assim porque às vezes a gente deixa para lá”, comenta.

‘Motorista não precisa te atingir para ser responsabilizado’

Carolina relembra o acidente: “Eu vinha pedalando do lado direito da rua, em cima da faixa amarela, quando do nada senti um vulto vir para cima de mim, pelo lado esquerdo. Só deu tempo de gritar, meter a mão no freio e o carro me jogou para cima da mureta, e voei por cima da mureta com a bicicleta”.

A triatleta relata que o motorista alegou não tê-la atingido e que ela é que teria se jogado na mureta. Daí surgiu mais um aprendizado, que ela compartilha com a gente:

“Um ponto importante, que eu nem sabia, e a juíza comentou, e que é legal todo mundo ficar sabendo, é que nos acidentes de trânsito o motorista não necessariamente precisa ter atropelado ou atingido o ciclista para ser responsabilizado. Mesmo que ele não tenha encostado em você, mas tenha contribuído para o seu acidente, ele pode ser responsabilizado. Ou seja: um carro parado, sem sinal de alerta ligado, ou em local proibido, por exemplo, pode ser motivo de um acidente, mesmo que sem atingir alguém”.

No acordo judicial ficou decidido que o motorista pagará em quatro parcelas a parte que lhe coube dos gastos de Carolina com o conserto da bicicleta. A despesa médica ela não cobrou na Justiça, porque disse ter recorrido a amigos que são profissionais de saúde e a ajudaram.

“Tive arranhões no joelho e no cotovelo e fiquei com dor nas coxas. Os arranhões nas coxas se transformaram em hematomas enormes, e fiquei com eles por mais de três semanas. Quando melhoraram, fiquei com um hematoma em cima da musculatura na coxa esquerda, um edema de líquido que depois de um mês secou, mas que deixou como sequela uma fibrose na musculatura da coxa”, conta.

Recuperada, ela quer agora retomar os treinos com a speed para voltar a competir no triatlo. Por enquanto, pedala diariamente numa mountain bike, que usa como transporte de casa para o trabalho. Carolina se queixa dos motoristas de ônibus:

“Moro em Vargem Pequena, vou para Vargem Grande, onde é meu trabalho, de bicicleta. Pedalo todos os dias, e ao longo da semana vivo fazendo reclamação no “Fale Ônibus” e no “Reclame Aqui” sobre motoristas de ônibus dessa região onde trabalho e pedalo. Eles fazem na maldade”, acusa.

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