Estrada Real – Itabirito (MG) por Raiza Goulão
"A Estrada Real foi uma prova bem diferente para mim. Voltar a competir após dois meses, algo que para um atleta é uma eternidade. Tempo esse também em que fiquei sem ir para as principais provas do calendário internacional, como etapas da Copa do Mundo e o Campeonato Mundial.
Confesso que alinhei em Itabirito (MG), para a terceira e última etapa da Estrada Real, com um frio na barriga como se fosse minha primeira prova do ano. Esse período após o Campeonato Brasileiro de Mountain Bike em Mairiporã (SP), no fim de julho, me fez amadurecer muito e tive um autoconhecimento grande, dentro e fora da bike.
Fui com a cabeça totalmente diferente para esse evento. Tem uma nova Raiza que está presente agora nas provas e lá em Itabirito foi muito legal. Fui juntamente com minha preparadora física, a Luane Mohallem, e pude contar com o apoio dela. Consegui manter meu corpo alinhado nesses dias. A equipe Corinthians Audax Bike Team nos hospedou um local muito bacana, um Hotel Fazenda que tinha até uma cachoeira lá, algo que me reconectou muito com as minhas raízes.
Foi uma prova para atingir novos objetivos. Ter uma nova visão de competição, porque estava tudo muito recente para mim após o tratamento que fiz após ser diagnosticado em mim a Síndrome de RED-S (Deficiência de Energia Relativa no Esporte).
A pista era exigente, podendo ser dividida em duas partes. A primeira logo após a largada com uma descida longa e técnica e depois uma subida também extensa até chegar no ponto de apoio. A segunda metade tinha as partes mais emocionantes, onde o público torcia muito, com um drop e partes de alta velocidade e depois uma subida.
Foi uma prova boa para recuperar o ritmo de competição. As demais adversárias brasileiras estão em um ritmo forte e isso é ótimo, porque me estimula a treinar mais. Estava bem, junto com a Jaqueline Mourão, revezando entre a primeira e a segunda colocação, até que no final da primeira volta eu senti muito a lombar e essa dor foi intensificando bastante. Inclusive até pensei em parar, mas eu pensei "se já cheguei até aqui, vou suportar a dor e ir até o fim".
Perdi rendimento a cada volta por conta dessas dores, perdendo contato com a Jaqueline, a campeã, e com a Letícia Cândido, segunda colocada. De qualquer forma fiquei feliz, por retornar às pistas e não ter tido nenhum daqueles sintomas que fizeram a minha equipe multidisciplinar detectar em mim o RED-S. Ou seja, algo positivo e que me indica que o tratamento feito está tendo resultados positivos.
Dedico esse top 3 a toda equipe de estafe que está comigo: Doutora Fernanda Lima, Helio Souza, meu treinador, Alessandra Dutra, minha psicóloga, a Doutora Thatiana Parmigiano, minha ginecologista, a Lili Moares, minha nutricionista, a Luane, preparadora física e parceira nesta viagem, e a minha equipe Corinthians Audax, porque são pessoas que estão me apoiando e estão comigo diariamente perguntando como estou. Tudo isso me motiva muito.
Nós sempre queremos algo a mais, porque o foco é sempre estar no topo do pódio. Neste domingo (22), no entanto, surgiu um fator inesperado que foram as dores lombares, mas independente disso sei que dei meu melhor e agora é foco total para a próxima prova, ainda neste mês de setembro, dia 29, no Paraguai.
Fico com o coração um pouco partido, por não poder ir ao lançamento do livro “Eu Nós Elas”, que sou uma das esportistas coautoras contando minha história, mas é por um objetivo maior. Será um evento de alto nível no País vizinho, com adversárias fortes da América do Sul, mas que me permitirá ganhar ritmo de competição.' por Raiza Goulão.