Mercado de bicicletas elétricas no Brasil tem crescimento de 34% no último triênio
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Como parte das ações do mês da mobilidade (setembro) e contando com dois levantamentos inéditos sobre este mercado no Brasil, será lançado na próxima quinta-feira (03/09) o Caderno Técnico de Bicicletas Elétricas. Desenvolvido por Aliança Bike e Labmob/UFRJ, coordenado pela Multiplicidade e contando com apoio do Itaú, o estudo traz dados atualizados sobre o mercado de bikes elétricas no país: foram 25 mil unidades comercializadas no ano passado e crescimento médio de 34% ao ano entre 2016 e 2019. O lançamento irá acontecer totalmente online, a partir das 10h, e para participar é necessário se inscrever neste link.
Para 2020, mesmo com os impactos causados pela pandemia do novo coronavírus, os dados apontam um crescimento contínuo e sustentado. Entre janeiro e junho deste ano foram importadas 7.427 bicicletas elétricas, número equivalente a 64% das importações em 2019. Na média mensal de importações, o número é 28% superior ao ano anterior. Soma-se a este número a produção e montagem, entre janeiro e junho, de 8.350 bicicletas elétricas (2.409 na Zona Franca de Manaus e 5.941 no resto do país). A projeção para 2020 é de 32 mil bicicletas elétricas.
“O estudo consolida uma metodologia mais assertiva para determinar o tamanho do mercado de bicicletas elétricas no Brasil. Com isso, todo ano o número poderá ser atualizado, constituindo uma importante série histórica”, afirma Glaucia Pereira, coordenadora executiva do Caderno Técnico.
O levantamento apresentado no Caderno Técnico, realizado por meio da coleta de dados primários e secundários, conta com um estudo inédito com mais de 400 usuários deste meio de transporte. Os resultados desta pesquisa apontam uma forte migração do uso do carro para o da bicicleta elétrica: 56% das pessoas que a utilizam para trabalhar ou estudar costumavam se deslocar de automóvel (mais informações estão abaixo).
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“Os resultados da pesquisa confirmam o potencial da bicicleta elétrica em substituição ao carro, que hoje é um símbolo das equivocadas escolhas que muitas cidades adotaram como prioridade para a mobilidade urbana. Além dos benefícios aos ciclistas que são inerentes ao uso da bicicleta, há também as vantagens diretas para as cidades, inclusive orçamentárias, no estímulo a este meio de transporte saudável e não poluente”, explica Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike.
O Caderno Técnico de Bicicletas Elétricas é a primeira publicação da coletânea Mercado de Bicicletas no Brasil, que terá ainda outras três edições: Produção e Montagem, Comércio Varejista e Importação, Exportação e Distribuição, sempre contando com a Aliança Bike e o Labmob/UFRJ, como coordenadores, e o Itaú como apoiador.
Confira abaixo outros dados relevantes desta edição.
A carga tributária é, sem dúvidas, um dos principais entraves para o avanço do mercado de bicicletas elétricas no Brasil. Na parte fiscal, as bikes elétricas são equiparadas a ciclomotores e não a bicicletas convencionais. Ao todo, os impostos relacionados a este meio de transporte alcançam 85% do custo final.
O IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), por exemplo, tem alíquota de 35% - enquanto que o de bicicletas convencionais é de 10%. A Aliança Bike, inclusive, tem neste tema uma de suas principais frentes de trabalho: a entidade desde 2018 apresentou um pleito junto ao governo federal para equiparação do IPI das bicicletas elétricas com as bicicletas convencionais.
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“A demanda já está na esfera do poder executivo. Tanto a Receita Federal quanto a Secretaria de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação emitiram parecer favorável ao pleito. Agora o assunto está na mesa do Ministro da Economia para que seja tomada a decisão final”, comenta Victor Hugo, CEO da Vela Bikes e um dos coordenadores do Grupo de Trabalho de Bicicletas Elétricas da Aliança Bike.
O IPI de bicicletas elétricas está entre os mais altos do país, sendo superior às alíquotas de uísques (30%), bombas e granadas (20%), charutos (30%) e automóveis entre 1.0 e 1.5 cilindradas (13%).
De acordo com o levantamento, 90% dos ciclistas que utilizam bicicleta elétrica acreditam que o preço mais acessível faria com que mais pessoas comprassem bicicletas elétricas.
O Caderno Técnico de Bicicletas Elétricas conseguiu traçar um perfil das pessoas que utilizam este tipo de meio transporte – seja para lazer ou para locomoção diária. Os dados completos estarão disponíveis no material que será lançado na próxima quinta. Abaixo a Aliança Bike destaca alguns números.
- Os dados da pesquisa apresentam 76% ciclistas do gênero masculino e 23% feminino. Quanto à raça/cor, 74% declaram-se brancos, 13% pardos, 1% pretos, 5% amarelos e 6% preferiram não responder esta pergunta.
- A maior parte declarou renda familiar entre 5 e 10 salários mínimos (27%), seguido da faixa de mais de 10 salários mínimos (22%). Os respondentes têm em média 42 anos, sendo que as idades variaram entre 22 e 79 anos. São de 19 Estados do Brasil, sendo a maioria residente da região sudeste (74%), e 61% de toda a amostra residente no Estado de São Paulo.
- 59% dos entrevistados usam a bicicleta elétrica para se deslocar até o local de sua atividade principal – trabalho ou estudo. Destas, 56% antes usavam o automóvel, 21% o transporte coletivo e 14% a bicicleta convencional. Este resultado confirma o potencial substituidor da bicicleta elétrica, atraindo principalmente pessoas que hoje se locomovem de automóvel.
- 41% das pessoas entrevistadas não usavam, até então, a bicicleta convencional na cidade, para qualquer finalidade. Ou seja, a cada dez novas bicicletas elétricas comercializadas, as cidades ganham quatro novos ciclistas.
- 80% dos respondentes compraram ou alugaram a bicicleta elétrica a partir de 2018. E 48% testaram uma bicicleta elétrica em uma loja antes de fazer a compra.
- 15% declaram ter investido até R$ 3.000, 61% desembolsaram entre R$ 3.001 e R$ 6.000, 10% entre R$ 6.000 e R$ 9.000, 4% mais de R$ 9.000 e 10% declaram não lembrar ou preferiram não responder a esta questão.
- Sobre os aspectos que desmotivam o uso da bicicleta elétrica, 50% dizem que ‘não ter ciclovias e ciclofaixas suficientes’, seguido de 43% que declararam ‘não ter lugar adequado para prender ou deixar a bicicleta’.
- Sobre os motivos para começar a usar uma bicicleta elétrica, 32% responderam ‘suar ou cansar menos’, seguido de ‘enfrentar subidas mais facilmente’ (23%) e chegar mais rápido (18%).
- 87% sentem melhora na qualidade de vida após começarem a usar bicicleta elétrica.
- 78% sentem uma relação melhor com a cidade.
- Ao final da pesquisa, perguntados sobre se indicariam a bicicleta elétrica para amigos e familiares em uma escala de 0 a 10 (sendo 0 nunca e 10 com certeza), a média de pontuação foi 9,3. Mostrando uma satisfação muito alta com o uso de bicicleta elétrica nas cidades.
A segunda edição da coletânea Mercado de Bicicletas no Brasil deverá ser lançada no mês de outubro