MPCC: luta contra o doping, segurança dos pilotos, salvando o meio ambiente
Os membros do Movimento por um Ciclismo Limpo (MPCC) durante seu Conselho de Diretores realizado por videoconferência, na última terça-feira(02), observaram a decisão da Agência Mundial Anti-Doping (WADA) de proibir qualquer tipo de injeção de glicocorticóides - hormônios esteróides caracterizados pela habilidade de se ligar com o receptor de cortisol e desencadear efeitos similares. O cortisol é o glicocorticóide humano mais importante. Ele é essencial para a vida e regula ou sustenta uma grande variedade de funções cardiovasculares, metabólicas, imunológicas e homeostáticas - a partir de 2022.
Este tópico tem estado na agenda da Diretoria e em Assembléias Gerais por muitos anos. Desde o início do movimento em 2007, os membros se voluntariaram para se comprometer com regras mais rígidas sobre o uso de glicocorticóides. Nos últimos doze anos, o MPCC realizou 4.207 testes de nível de cortisol antes de muitas corridas importantes, graças ao envolvimento das equipes membros e seus pilotos. O anúncio da WADA de regulamentações mais rígidas sobre os glicocorticóides é uma boa notícia, pois o MPCC não foi criado para esse fim. No entanto, o MPCC será obrigado a continuar a realizar testes de nível de cortisol em 2021, no âmbito da saúde dos atletas.
Por muitos anos, o MPCC cumpriu seu papel de denunciante na questão dos glicocorticóides. A perspectiva de chegar a um consenso é um grande passo. Porém, o movimento insiste que não ficará totalmente satisfeito até que o conteúdo exato deste regulamento seja conhecido. No momento, isso ainda está em andamento. A entidade espera que a WADA e a UCI divulguem mais informações para garantir que essa proibição melhore a credibilidade do ciclismo e ofereça oportunidades iguais para equipes e ciclistas. O MPCC manterá seu papel de denunciante com cuidado ao lado dos órgãos de governo.
A MPCC também seguirá vigilante em relação a outros tópicos importantes, como as cetonas. Todos os médicos das equipes integrantes se comprometeram a não estimular o uso dessa substância por seus ciclistas. O MPCC, WADA e a União Ciclística Internacional segurão em seus estudos de monitoramento sobre cetonas, para que possa contar com um conhecimento completo sobre os efeitos colaterais.
Seguindo esses novos elementos, todas as equipes que não fazem - ou não fazem mais - parte do movimento por causa do nosso forte engajamento com os glicocorticóides devem mudar de opinião.
A MPCC também revisou as novas regras lançadas pela CCP sobre a segurança dos ciclistas e preservação do meio ambiente. A luta pela credibilidade do ciclismo não é apenas sobre o antidoping, por isso foi acolhido com agrado essas decisões, pois são relevantes para a nossa linha: o ciclismo precisa de seus investidores para darem o exemplo e protegerem a sua imagem.
Organizadores de corrida e contexto sanitário
A MPCC não vai mexer nas escolhas dos organizadores. No entanto, nos surpreendemos que o critério ético não tenha sido levado em consideração: o RCS concedeu dois dos seus quatro convites a não membros do MPCC (Eolo-Kometa e Vini Zabu-Brado-KTM). O caso de Vini Zabu-Brado-KTM é preocupante: esta equipe, antes participante do MPCC, decidiu abandonar o movimento e teve problemas testando positivo no antidoping do Giro de Itália 2020. Achamos que este lamentável acontecimento deve ter influenciado a decisão do organizador. Dado que não foi este o caso, a MPCC não sabe como a RCS Sport define os seus critérios, tanto em termos desportivos como éticos.
No final de cada temporada, o MPCC destaca os ProTeams que receberam convites nas corridas do WorldTour. Em 2020, o RCS Sport não seguiu o exemplo de outros organizadores importantes, como o ASO ou o Flanders Classics, ao conceder menos wild cards às equipes do MPCC - situação já vivida anteriormente. O MPCC não quer pressionar as escolhas dos organizadores da corrida, mas está convencido de que atribuir um wild card para corridas tão populares como o Giro a uma equipe que terminou a edição anterior com um teste antidoping positivo é um sinal errado.
O MPCC apoia a todos os organizadores da corrida de ciclismo. Em 2020, as consequências da atual crise da Covid-19 causaram grandes dificuldades, mas a grande maioria das corridas conseguiu oferecer altos níveis de profissionalismo para cumprir as restrições sanitárias exigidas. O Conselho de Administração realizou a eleição de seu diretoria de 2021:
Presidente: Roger Legeay
Vice-presidente: Iwan Spekenbrink (Equipe DSM)
Tesoureiro: Sébastien Hinault (Arkea-Samsic)
Tesoureiro assistente: Marc Sergeant (Lotto-Soudal)
Secretário: Philippe Senmartin (Total-Direct Energie)
Secretário assistente: Franck Trajber (Cofidis Solutions Crédit)
Médico: Dr. Pierre Lebreton (hematologista)
Membro: Christophe Brandt (Bingoal-WB)
Membro: Gianni Savio (Androni Giocattoli-Sidermec)
Membro: Vincent Lavenu (Equipe AG2R Citroen)
Comments