Rio de Janeiro x São Paulo: comparativo da malha cicloviária e desafios para a mobilidade sustentável
- Márcio de Miranda
- 3 de dez. de 2024
- 5 min de leitura

As cidades de Rio de Janeiro e São Paulo possuem as maiores malhas cicloviárias do Brasil, mas ainda enfrentam desafios significativos para consolidar a bicicleta como uma opção segura e atrativa de mobilidade urbana sustentável. Embora tenham avançado na expansão de ciclovias e ciclofaixas, há lacunas importantes que precisam ser preenchidas para que a bicicleta possa, de fato, ocupar um papel central no transporte diário das pessoas.
O Rio de Janeiro conta com uma rede cicloviária extensa, que supera 490Km, incluindo ciclovias, ciclofaixas e calçadas compartilhadas, que buscam conectar diferentes regiões da cidade e incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte sustentável.abrangendo áreas como a Zona Sul, Barra da Tijuca e algumas regiões da Zona Norte. Contudo, a distribuição dessas ciclovias é desigual, e muitas delas apresentam problemas de manutenção, sinalização inadequada e integração limitada com outros modais, como ônibus e metrô. Além disso, a segurança ainda é uma preocupação, tanto no trânsito quanto em relação à criminalidade, o que desestimula muitos cariocas a usarem a bicicleta como meio de transporte.
São Paulo, por sua vez, possui mais de 700 km de infraestrutura cicloviária, abrangendo ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Apesar do crescimento significativo nos últimos anos, muitas vias estão desconectadas umas das outras, criando obstáculos para trajetos mais longos. Outro desafio é a insuficiência de estacionamentos para bicicletas em locais estratégicos, como estações de metrô, terminais de ônibus e áreas comerciais, além de uma convivência ainda difícil entre ciclistas, motoristas e pedestres.

Para melhorar a mobilidade urbana sustentável nessas cidades, é essencial ampliar e interligar as redes cicloviárias, criando um sistema contínuo e funcional que permita deslocamentos mais longos e seguros. Investimentos em manutenção das vias existentes, iluminação adequada e sinalização também são fundamentais para garantir a segurança dos ciclistas. Outro ponto crucial é a integração da bicicleta com os sistemas de transporte público, por meio de estacionamentos seguros, bicicletários e políticas que incentivem o uso combinado de modais.

Campanhas educativas e de conscientização podem ajudar a promover uma cultura de respeito mútuo entre ciclistas, pedestres e motoristas, enquanto subsídios e incentivos fiscais podem estimular o uso da bicicleta. Além disso, é importante priorizar a inclusão social, garantindo que áreas periféricas, muitas vezes excluídas das políticas de mobilidade, também sejam contempladas na expansão das ciclovias.
"Paris, Londres, Nova Iorque, diversas cidades antes tomadas por carros, hoje
dão maior atenção às bicicletas, sendo que nos casos de Londres e Paris, a
adesão é tão grande que em certos trechos destas cidades, há mais bicicletas
do que carros circulando. A importância deste tipo de mobilidade, mais limpa
e silenciosa, e a qualidade de vida que ela traz para a cidade, com
diminuição de ruídos, poluição, acidentes e tornando-as mais agradáveis de vivenciar. Os resultados dessa "nova mobilidade" são incontestáveis, mas muito ainda precisa ser feito para que ela funcione em cidades já consolidadas, como infraestrutura de qualidade, para pedestres e bicicletas, conectadas ao transporte público para que a cidade inteira possa ser alcançada." Disse Zé Lobo, da Associação Transporte Ativo.

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